AVIVAMENTO NACIONAL, por Celso Antunes

As crises têm sido comuns nos últimos tempos, mas não atingem a todos.

A economia nacional cresceu 1,2% no último trimestre impulsionada pela agropecuária e a mineração, bancos, bolsa de valores, sistema financeiro tiveram ótimos resultados na crise da pandemia.

A festa é da Cobertura, os andares de baixo ficaram com a inflação (8,06% em 12 meses), um fantasma que aparece nos supermercados.

Com base na cesta básica mais cara o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico), estimou que o salário mínimo do país deveria ser de R$ 5.351,11

Tem lógica matemática, mas para ser realidade seria preciso, como o “Luz para Todos”, um programa “Dinheiro para Todos” que não passa de mito e mito, infelizmente, não resolve.

Os destinos da nação são decididos pela economia.

Os representantes eleitos, Presidente e Congresso, escolheram a economia que deixa a população de escanteio como se viu nas reformas trabalhista e previdenciária.

Também, desdenham os brasileiros ao não comprar vacina, acreditam na imunidade de rebanho sem necessidade de gastar um tostão.

Nessa imunidade o cidadão tem que adoecer, correr o risco de morrer e contaminar outras pessoas para que adoeçam e corram o mesmo risco, mais uma vez a população vira bucha de canhão.

Não há imunidade grátis, a segurança da vacinação de 70% da população.

Tal conclusão científica provocou a crise política do negativismo, a ignorância de considerar a doença simples gripe.

Essa visão curta da gestão do governo não deixa ver o problema de modo amplo.

A pandemia envolve questões biológicas e sociais, pois é variável com as condições locais, modo de vida e saúde do indivíduo.

Os mapas de casos de coronavirus mostra desigualdade social e relação com as condições ambientais na incidência da doença.

Em outras palavras, envolve saúde, educação, habitação, alimentação, emprego e meio ambiente.

Na pandemia há doenças atuando em dupla, o Coronavirus (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e uma série de outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT): hipertensão, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas e câncer, alguns estudiosos acrescentam mais, doença renal, anemia falciforme e epilepsia.

Há ainda um agravante, houve aumento das DCNTs na pandemia, informa em artigo do The Lancet, revista médica inglesa mais antiga e reconhecida no mundo (26.09.2020).

Há sinergia, isto é, uma doença estimula o desenvolvimento de outra.

Para esse quadro complexo a solução do governo foi indicar um remédio barato, a Cloroquina, que se não fizer mal bem não faz.

O “Plano de vacinação”, nesse ritmo de tartaruga, deve ir até meados de 2022 e já conta com cerca de meio milhão de mortes.

Alguns pastores ficaram preocupados com a merreca do “Auxílio Emergencial” de RS 150,00.

Estão pregando aos fiéis que entreguem o “auxílio emergencial” para transformá-lo em “auxílio providencial”, a providência divina irá retribuir com a quantia que merecem.

Esse tipo de psicologia foi o carro-chefe da propaganda política em 2018, a maioria se deixou enganar pela expectativa do “milagre” na política.

O resultado é o que se vê, reclamação geral, ninguém se entende mais, a política nacional perdeu o rumo, dividiu o país em dois: o Brasil dos números econômicos e o Brasil dos brasileiros.

O modo de governar pende para os números e os brasileiros ficaram sob domínio do autoritarismo da economia financeira.

A nação precisa de esperança, a crise já é realidade e será superada apenas com a atitude dos brasileiros.

A população deve tomar a dianteira, liderar, exigir políticas e programas para reverter as profundas disparidades do país provocadas pela gestão econômica nacional voltada apenas para o sistema financeiro.

Somente dessa forma a sociedade estará, verdadeiramente, protegida do vírus e de futuras pandemias.

É urgente e impreterível nada menos do que um avivamento nacional.

 

*Celso Antunes, Águas de Lindoia (SP), escreve toda semana neste espaço.

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