SALVADOR DA PÁTRIA

Fatos importantes aconteceram nesta semana, início da vacinação contra a Covid-19 em São Paulo, Donald Trump deixou o governo americano e rumou para Flórida, a posse festiva de Biden na Casa Branca e comboio de 5 caminhões com oxigênio da Venezuela chegaram em Manaus.

O significado desses fatos para o Brasil representa um terremoto de epicentro no governo brasileiro.
Não há exagero relacionar o sentido figurado do abalo com a demolição de uma corrente de pensamento dominante.
Em certa medida a realidade nunca mais será a mesma, pois se encontra em processo de mudança.

O colapso de oxigênio nos hospitais do Amazonas com pacientes em estado de agonia de morte por asfixia é o quadro mais tenebroso do descaso com a pandemia. Morte por asfixia acontece em acidente de afogamento, no crime de estrangulamento, suicídio ou pena de enforcamento no país que adota a pena de morte.

O terrível acontecimento trai os ideais republicanos, faz relembrar Tiradentes, mártir da Independência, morto por enforcamento e de se viver no tempo do Brasil Colônia de Portugal.

O determinismo geográfico, como explicava a mitologia grega, adquire poder de interferir na vida política e mudar seu destino. O colapso de oxigênio poderia ter ocorrido no Rio Grande do Sul e o socorro seria da Argentina ou Uruguai, embora a o governo brasileiro, também, não mantenha boas relações com o presidente argentino Alberto Fernández, seria menos constrangedor.

O Amazonas mantém fronteira com 6 países, de um deles a Venezuela, veio o socorro de oxigênio para abastecer 40 mil cilindros hospitalares. O governo brasileiro influenciado por Donald Trump, desencadeou hostilidades graves ao governo venezuelano, país que o Brasil nunca teve contencioso em toda história.

Apoiou a invasão do Consulado venezuelano em Brasília, expulsou diplomatas por determinação do chanceler Ernesto Araújo, houve o encontro sigiloso deste com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na fronteira da Venezuela para vistoriar manobras militares na Amazônia numa aventada hipótese de invasão militar no país vizinho.

Todas as asquerosas e injustas atitudes do governo brasileiro entre outras tantas mais, o governo de Nicolás Maduro desconsiderou para atender a urgência de vida dos vizinhos amazonenses.

O ato interpretado de modo condizente é o espírito sagrado de solidariedade latino-americana.
Bolsonaro abaixa o nível e diz: “Olha o Maduro, que coração grande ele tem. Realmente, daquele tamanho, 200 kg, dois metros de altura, o coração dele deve ser muito grande. Nada mais além disso” — arrancando risadas de simpatizantes.

Esse humor é semelhante ao do alcoólatra de boteco insensível à família que passa por severas dificuldades.
Jamais do Presidente da República pela ingratidão e por não expressar a educação do povo brasileiro que representa.
O ato concreto tem simbolismo maior que as palavras de chacota, pois denuncia o descaso com a população pela falta ar para respirar.

Da mesma forma a intriga da vacinação iniciada em Mônica Calazans, em São Paulo, a ‘vacina chinesa que transforma pessoa em jacaré”, como disse, causou risadas.Está mais interessado gracinhas que governar.

A fábula da Cigarra e a Formiga é pedagógica quando chega ao inverno da história. Não há vacina, agulhas, seringas, planejamento seguro para debelar a crise sanitária e não há dinheiro para atender a crise social decorrente.
Os insumos da vacina terão que vir da China e da Índia que a diplomacia brasileira desmereceu, hostilizou e se tornou mal vista.

O líder das cigarras, Trump, desapareceu do cenário político e não serve mais de inspiração nacional.
Joe Biden, desafeto de Bolsonaro, está preocupado em curar a inflamação do seu país deixado pelo antecessor.
Bolsonaro despencou nas pesquisas a 27% com tendência de aumentar a rejeição.

As vivandeiras ficaram a ver navios. Sonham com decreto de Estado de Defesa e golpe militar para gerar crise institucional e recuperar o “mito de Salvador da Pátria” que perderam por incompetência, negligência e irresponsabilidade.